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TUTORIAL: Taxa de Compressão Dinâmica

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  • TUTORIAL: Taxa de Compressão Dinâmica

    Pessoal,

    Mais um artigo do fundo do meu Baú. Muito bom para se escolher a taxa de compressão do motor e o casamento da mesma com o comando. Tanto que para um motor de 1800 com pistão 90,5 para o mesmo comando, se tem um resultado diferente para um 1800 com vira 78.

    Boa leitura.


    TAXA DE COMPRESSÃO DINÂMICA

    Meu motor pode trabalhar como uma bomba de combustível?
    Nota: Todo o texto foi tomado como base em um motor Chevy 350 – V8 americano – mas o estudo é muito interessante para nosso caso, influenciando muito na escolha do comando.

    1 TAXAS DE COMPRESSÃO

    Taxa de Compressão Dinâmica (TCD) é um conceito importante em motores de alto rendimento. Determinando qual o valor da taxa de compressão após o fechamento da válvula de admissão, proporciona uma informação valiosa de como o motor irá funcionar para um determinado comando e uma determinada octanagem do combustível.

    A Taxa de Compressão (TC) de um motor é a relação entre o volume do total do cilindro e a câmara de combustão. Um cilindro com dez unidades de volume (volume que cabe dentro) e uma câmara de combustão com unidade de volume 1, a taxa de compressão será de 10:1. Esta taxa de compressão é geralmente referida como Taxa de Compressão Estática (TCE), sendo que ela é obtida a partir de todo o volume que se consegue colocar dentro de um cilindro, ou seja, do Ponto Morto Superior (PMS) ao Ponto Morto Inferior (PMI). Por outro lado, a Taxa de Compressão Dinâmica, utiliza a posição do pistão no momento em que a válvula de admissão está fechando logo após o PMI para determinar o volume que cabe dentro de um cilindro.

    A diferença entre os dois tipos de taxa pode ser grande. Por exemplo, com um comando que fecha a válvula de admissão nos 70º DPMI (Depois do PMI), o pistão estará 0,9053” acima do PMI após o fechamento da válvula de admissão, considerando a biela original de um Chevy 350. Este fato mostra uma redução considerável no volume que cabe dentro do cilindro, levando a redução do comprimento da biela em aproximadamente 1”, reduzindo portanto a taxa de compressão. Está é a única diferença entre calcular a Taxa de compressão Estática e a Dinâmica. Todos os outros valores para calcular a taxa de compressão serão os mesmos. Importante, note que a TCD é sempre menor que a TCE.

    A Taxa de Compressão Dinâmica não deve ser confundida com a pressão no cilindro. As pressões no cilindro mudam continuamente devido a muitos fatores, tais como RPM, desenho do coletor de admissão, volume do duto de admissão e sua eficiência, overlap, desenho do escape, duração das aberturas das válvulas, posição da borboleta e, muitos outros fatores. A Taxa de Compressão Dinâmica é obtida ou calculada de fatores puramente mecânicos e dependentes das dimensões envolvidas nos componentes do motor. Portanto, ao menos que seja utilizado um comando de válvulas variável, a Taxa de Compressão Dinâmica, tal como a Taxa de Compressão Estática, é constate e fixa quando o motor é fabricado e montado e não muda durante o funcionamento do motor.

    Duas coisas importantes que devem ser lembradas:

    • A TCD é geralmente menor que a TCE;
    • A TCD não muda em nenhum instante durante o funcionamento do motor.

    2 DETERMINADO O ENQUADRAMENTO (AJUSTE) DO COMANDO DE VÁLVULAS

    Desde os primórdios dos motores de combustão interna a gasolina, engenheiros sabem que motores do ciclo Otto a quatro tempos tem sua taxa de compressão limitada, e, a qualidade do combustível utilizado que determina a taxa de compressão com a qual um motor pode operar. Entretanto, não é a Taxa de Compressão Estática que é importante e sim a taxa de compressão que o motor está proporcionado no funcionamento. A compressão da mistura não pode começar enquanto a válvula de admissão estiver aberta. A compressão se inicia de maneira branda antes que a válvula de admissão esteja completamente fechada. Embora não exista uma maneira fácil de determinar o ponto em que se inicia a compressão, este ponto pode ser determinado utilizando-se a duração completa do ciclo de admissão do comando de válvulas. Muitos fabricantes de comandos de válvulas utilizam o levante de 0,006” (para comandos com tuchos hidráulicos), entretanto, outros utilizam outros tipos de tuchos e válvulas, tendo fechado o valor de 0,004” como levante para enquadramento do comando. A duração com estes valores de levante geralmente é dita como duração de “enquadramento” (ajuste) do comando de válvulas (também pode ser chamada de duração real, visto que somente é considerado que se tem fluxo de mistura quando a válvula atinge os valores acima citados de levante). Embora se tenha os dois valores de duração, para o cálculo da TCD utilizaremos a duração total do comando, ou seja, desprezando-se os 0,004” para o enquadramento.

    2.1 O caso especial para comando de válvulas com tucho mecânico

    Quando se usa tuchos mecânicos para acionamento das válvulas geralmente se utilizam valores arbitrários para o valor do levante (geralmente 0,015” ou 0,020”), determinado pelo projetista como sendo uma boa aproximação do desenho do comando. Está especificação de levante geralmente não é a correta para qualquer desenho de comando. O correto valor de levante para determinar o valor de enquadramento do comando é representado pela fórmula da folga dividido pela relação do balanceiro mais o valor padrão de enquadramento ((folga)/(relação do balanceiro)+0,004”). Isto levará em conta a folga utilizada. Um comando de válvulas com uma folga de 0,026” (considerando uma relação de balanceiro de 1,5:1) deve ser medido e enquadrado a 0,02133” (0,026/1,5+0,004”=0,02133”). A folga no ajuste do balanceiro, com o correto ajuste do enquadramento a 0,020”, torna desta forma a duração um pouco menor que a duração total do comando de válvulas, pois se considera que a válvula já está aberta para se medir está duração. A questão é qual é a diferença entre as durações. Sem conhecimento da rampa de abertura do comando, e realizando alguns cálculos, ou medindo com um transferidor, é impossível de se saber.

    2.2 Como se fazem as combinações

    Um motor Chevy 355 com uma TCD de 9:1, utilizando um comando com 252º (110 LCA – Linha de Centro da Admissão –, 106 ASL – Ângulo de Separação dos Lóbulos), fecha a válvula de admissão em 52º DPMI e produz uma TCD de 7,93:1. O mesmo motor com um comando de 292º (fechando a válvula de admissão em 72º DPMI) terá uma TDC de 6,87:1, o que é uma diferença de um ponto na taxa de compressão dinâmica. É comprovado que a maioria dos motores produz uma melhor potência para a taxa de compressão dinâmica entre 7,5 e 8,5:1 com combustível de 91 octanas ou melhor. Quanto maior a duração do comando mais a TCD se afasta desta faixa principal. Isto gerara um menor torque em baixas rotações primeiramente pelo fato da menor pressão no cilindro, e uma grande reversão para o coletor de admissão. A potência em altas rotações geralmente diminui pelo fato do motor não ser capaz de utilizar totalmente a mistura extra que esta queimando causada pelo efeito de inércia da mistura devido ao fechamento tardio da válvula de admissão. Para se aumentar a taxa de compressão dinâmica para valores aceitáveis (7,5 a 8,5:1) em um motor com um comando de 292º, a taxa de compressão estática deve ser aumentada para algo em torno de 10:1 a 11,25:1. Motores de corrida que utilizam combustíveis com octanagem maior, podem tolerar uma TCD entre 8,8 a 9:1. Para se obter TCD de 9:1 teremos que utilizar a TCE em torno de 12:1, para um motor com o comando de 292º de duração.

    A redução da TCD divido ao fechamento tardio da válvula de admissão, é a principal razão pela qual fabricantes de comandos de válvula especificam uma TCE maior para comandos com maior duração, para que a TCD fique dentro da faixa adequada.

    Continua...
    Cristiano A. C. Zank

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    Emessene: fusca_74@yahoo.com.br

  • #2
    Re: TUTORIAL: Taxa de Compressão Dinâmica

    2.3 Lembrete

    Trabalhando com um motor em seu limite superior de TCD necessita que o motor seja bem montado, com a correta distância entre o pistão e o cabeçote, e bem resfriado (170º F). Ar de admissão quente e alta temperatura da água de resfriamento são os principais indutores de detonação. Se as condições para aquecimento são prováveis, é necessário o re-enquadramento do comando com um tempo de abertura menor. Um bom sistema de resfriamento é muito importante. Colocando a TCD abaixo de 8,25:1 com certeza é a melhor escolha para manter o motor livre de problemas.

    A menos que o motor seja completamente medido (checado o volume dos pistões nas camisas e das câmaras de combustão com bureta), estes cálculos serão somente boas estimativas. Devem ser tratados como tal. Os volumes de pistões e cabeçotes que são publicados variam (assim como bielas e virabrequins). É melhor se errar para o lado mais brando. Quando se quer montar um motor com TCD em torno de 8,4:1 ou maior, medições são essenciais, ou provavelmente em breve será montado outro motor.

    2.4 Detalhes

    Comandos com longas durações aumentam o tempo para o fechamento da válvula de admissão e reduzem substancialmente a TCD comparada com a TCE. A característica do comando que interessa para determinar a TCD é o instante, ou ângulo, em que a válvula de admissão se fecha em graus. Este instante é determinado pela duração do lóbulo de admissão, e o valor da Linha de Centro da Admissão (LCA), e indiretamente pelo Ângulo de Separação dos Lóbulos (ASL). Com isso, o comprador tem o controle direto da Linha de Centro da Admissão (LCA). Os outros valores são especificados no comando de válvulas pelo fabricante do mesmo (existem fabricantes de comandos customizados, onde o comprador fornece o valor do ASL). A mudança do valor da LCA causa a mudança do valor da TCD. Diminuindo-se o instante de fechamento da admissão (atrasando o comando) diminui a TCD, logo, quando se adianta o fechamento da válvula de admissão (adiantando o comando, enquanto o pistão está mais abaixo no cilindro aumentando-se o volume que cabe no cilindro) se tem o aumento da TCD. Este artifício pode ser utilizado para se manipular a TCD bem como o pico de torque, que pode ser movimentado para cima ou para baixo dentro da faixa de rotação.

    Para se determinar a TCD é necessário saber a posição do pistão no instante de fechamento da válvula de admissão. Isto pode ser calculado (ou medido utilizando-se um relógio comparador e um transferidor). Partindo do principio de que a compressão não ocorre enquanto a válvula de admissão permanece aberta, para se calcular a taxa de compressão dinâmica deve-se utilizar o instante em que a válvula de admissão fecha completamente. Utilizando-se a folga de 0,050” para o calculo da TCD se tem uma resposta incorreta, visto que o cilindro não está completamente fechado. O enquadramento em 0,05” representa uma resposta incorreta, utilizando-se balanceiro de 1,5:1 o levante será de 0,075” e 0,085” com a relação de 1,7:1. Apesar do fluxo ser próximo de zero com este valor de levante, a compressão somente poderá iniciar quando o cilindro estiver completamente selado.

    Outro fato que afeta a taxa de compressão dinâmica é o comprimento da biela. Seu comprimento determina a posição do pistão quando ocorre o fechamento da válvula de admissão, logo, diferentes comprimentos de bielas causam diferentes valores de TCD. Bielas compridas colocam o pistão em uma posição ligeiramente mais alta quando a admissão se fecha. Este fato diminui a TCD, provavelmente levando a utilização de outra curva de comando de válvulas diferente da que uma biela curta necessitaria. Entretanto, este efeito é pequeno e somente será notado no caso em que se utiliza uma biela com comprimento substancialmente diferente do original. Este detalhe deve ser lembrado quando irá se calcular a TCD.

    Continua...
    Cristiano A. C. Zank

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    • #3
      Re: TUTORIAL: Taxa de Compressão Dinâmica

      3 CALCULANDO A TCD

      O cálculo da TCD necessita de informações básicas e alguns cálculos severos. O primeiro passo é determinar o quanto ainda sobra de curso. Isto necessita três entradas: instante de fechamento da válvula de admissão, comprimento da biela e o valor atual do deslocamento do virabrequim, e deve acrescentar a isso um pouco de trigonometria. Abaixo estão as fórmulas (No fim da pagina tem um exemplo do que pode ser feito para a matemática funcionar).

      Variáveis utilizadas:

      • PHB: Posição Horizontal da Biela em mm;
      • IFA: Instante de Fechamento da Admissão em graus DPMI;
      • DBLC: Distância da Biela abaixo da Linha de Centro do virabrequim;
      • CB: Comprimento da Biela em mm;
      • DP1: Distância o Pistão do DBLC em mm na Linha de Centro;
      • DP2: Distância do Pistão da Linha de Centro do virabrequim;
      • C: Curso do Virabrequim;
      • 1/2C: Metade do curso;
      • CDC: Comprimento Dinâmico do Curso para o cálculo da TCD.

      3.1 Como se Faz

      Primeiramente deve-se encontrar algumas das variáveis acima. Precisamos calcular os valores de PHB e DBLC. Então, com os valores encontrados, calcula-se os valores de DP1 e DP2. Finalmente, se colocam estes valores na fórmula para se encontrar a TCD.

      3.2 Cálculos

      PHB = 1/2C * (seno IFA)
      DBLC = 1/2C * (cos IFA)
      DP1 = raiz quadrada ((CB*CB)-(PHB*PHB))
      DP2 = DP1 – DBLC
      CDC = C – ((DP2 + 1/2C) – CB)

      Este resultado é o que chamamos de Comprimento Dinâmico do Curso (CDC), a distância que resta até o PMS após o fechamento da válvula de admissão. Esta é a dimensão critica para se determinar a Taxa de compressão Dinâmica. Após calculado o CDC, este valor é utilizado no lugar do curso para se calcular a TCD. Em uma coisa se pode ter certeza, que quanto mais exatos os valores das entradas, melhores serão os resultados obtidos para a TCD.

      4 UTILIZANDO ESTAS INFORMAÇÕES

      A TCD é somente uma ferramenta, tais como as outras, que se tem disponível ao se montar um motor. Ela não é o fim de tudo para escolha do comando e da taxa de compressão. Entretanto, é uma informação muito importante para ajudar na adequação correta entre um comando e um motor ou entre o motor e o comando. É necessário combinar corretamente todos os componentes em um motor e chassis para se obter o melhor desempenho possível. Colocando-se um comando W140 em um motor 2100 com um cabeçote de entradas simples sem nenhum trabalho, com certeza não se terá o melhor resultado mesmo a taxa de compressão dinâmica sendo calculada e executada corretamente. O cabeçote com certeza não suportara a rotação que este comando proporciona.

      Uma boa abordagem que se pode ter quando se está construindo um motor é determinar a duração do comando e o ASL necessários para uma determinada faixa de rotações. Depois que isto é conhecido, se pode manipular o tamanho da câmara de combustão e as entradas das válvulas nos pistões (e algumas vezes o avanço do comando de válvulas) para se encontrar a correta TCD em torno de 8.2:1. No momento em que se conhece os corretos valores dos volumes da cabeça do pistão e da câmara de combustão, pode-se calcular o valor correto da TCE que está se esperando. Nota: o valor do quench (distância entre o cabeçote e o pistão) geralmente deve estar entre os valores de 0,035” e 0,045”, com o limite inferior dando o melhor desempenho e resistência a detonação – este texto considera como motor o Chevy 350.
      Alternativamente, com o valor de TCE conhecido, se manipulando as características do comando pode se obter um bom valor para a TCD. Quando se obtém o melhor instante de fechamento da válvula de admissão, podem-se escolher os atributos (ASL e duração) para o comando adequado. Algumas vezes o comando ideal é menor que o comando que se queira colocar. Muitas vezes é necessária a mudança da taxa de compressão para que o motor aceite corretamente um comando de válvulas com os atributos necessários.
      As informações dadas acima devem servir somente como guia. Não existem regras duras e rápidas para as soluções. É uma tarefa para quem está montando o motor determinar a maneira correta de se montar o motor. É importante se lembrar que, ao menos que se realizem medidas corretas, estes cálculos serão somente aproximações.

      Pat Kelley

      Traduzido por Cristiano Zank, retirado de http://www.empirenet.com/pkelley2/DynamicCR.html
      Cristiano A. C. Zank

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      • #4
        Re: TUTORIAL: Taxa de Compressão Dinâmica

        Agora o arquivo para quem quizer imprimir.
        Arquivos Anexos
        Cristiano A. C. Zank

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